O futuro digital em conferência no Rio

Tecnologia

Existem mais smartphones do que pessoas no planeta. Somente esse dado isolado já nos permite entender a dimensão da importância dos dispositivos digitais na nossa vida – sim, no sentido mais global possível da palavra. Conectados, pagamos conta no banco, geramos relatórios para o nosso trabalho, ouvimos o último hit da nossa banda favorita.

Isso tudo faz parte da nossa rotina e, muitas vezes, pela velocidade e volume de informações que geramos e recebemos diariamente, não percebemos as mudanças estruturais que estão acontecendo à nossa volta. Será que vamos perder nossos empregos para as máquinas? O que esperar de uma cidade hiperconectada? Vai facilitar, de fato, nossa rotina? Quais os impactos, positivos e negativos, que podemos experimentar?

Para falar sobre as mudanças que o digital traz para os negócios, para a educação e para a sociedade, a conferência rio.Futuro, que aconteceu em solo carioca entre os dias 24 e 25 de maio no Hotel Prodigy Santos Dumont, reuniu mais de 40 palestrantes de diversos países e áreas de atuação para discutir e propor soluções sobre mobile, tecnologia, dados e pessoas.

O rio.Futuro é o primeiro de uma série de eventos criados pela MOX Digital, empresa voltada para a organização de eventos sobre inovação e tecnologia. “O Brasil é hoje ‘o país das redes sociais’ e isso ilustra a rapidez com que sua população se adapta a novos comportamentos. Escolhemos o Rio de Janeiro porque a cidade foi palco de imensas transformações na última década sediando a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, desenvolvendo assim um importante ecossistema digital e programas de smart cities”, explica Xavier Leclerc, sócio da MOX Digital.


Mobile

A manhã do primeiro dia foi dedicada ao comportamento do usuário no mobile (entende-se aqui por celulares e tablets) e novas soluções para facilitar os serviços de empresas B2C (Business-to-Client). Ao contrário do que se possa pensar, o aumento da aquisição de dispositivos móveis não “matou” o desktop (computador “de mesa”). Devido ao aumento do acesso digital, o uso da plataforma fixa no Brasil cresceu em 11% – o mundo conta hoje com 109 milhões de usuários multiplataforma (mobile e desktop).

“O uso de múltiplas plataformas, hoje, é a regra. As pessoas se comportam de forma diferente em cada uma delas. O desktop é bastante utilizado para compras e transmissão de vídeos. O usuário mais jovem tende a preferir os dispositivos móveis. Até mesmo quem não tinha computador, tem acesso a um smartphone hoje”, diz Luciana Burger, diretora da comScore Brasil, empresa que analisa os hábitos digitais no país.

O Brasil é o país com maior número de usuários de redes sociais na América Latina e o segundo que mais usa o WhatsApp no mundo. Em 2016, vendas em e-commerce movimentaram mais de R$ 19 bilhões, apenas no primeiro semestre.

Também é crédito do mobile a mudança das relações entre pessoas e consumidores. Um exemplo é BlaBlaCar, fundada na França em 2006, que conecta motoristas e passageiros dispostos a viajar entre cidades e compartilhar o custo da viagem. Segundo o diretor da BlaBlaCar no Brasil, Ricardo Leite, os usuários da plataforma são até três vezes mais propensos a utilizarem outros serviços de economia compartilhada após a experiência e a confiança proporcionada pelo “boca-a-boca” de outros usuários rankeados no aplicativo.

A velocidade do feedback do consumidor também aumentou e também demanda resposta rápida, em especial se for negativo. “Muitas vezes, outros usuários vem em defesa da marca, expõe outros pontos de vista”, afirmou Natacha Volpini, diretora de Conteúdo e Digital da Heineken Brasil, que acredita que o mobile mudou a forma de fazer comunicação e vê o usuário como um co-criador das ações digitais. “Temos que prover um aplicativo que seja útil e relevante para o consumidor”, disse.

Mas a co-criação não se limita às ações de marketing e comunicação das marcas, ela também se torna importante para a customização dos serviços, com vistas a melhorar a experiência do cliente e dos processos internos da empresa. A rede Starbucks dos EUA já conta com serviços de personalização de música ambiente (parceria com o Spotify) e a possibilidade de fazer o seu pedido para retirar na loja.

O evento também recebeu Eduardo Villalba, Marketing de Produto Regional do Facebook, para falar sobre a necessidade de desenvolver estratégias mobile para aumentar o contato com clientes. A rede social favorita dos brasileiros (seguida pelo Instagram) conta com um projeto social (Facebook.org, que provém acesso à internet em áreas descobertas digitalmente e que já atua em 42 países) e acesso para pessoas com alguma limitação de acesso (Facebook Al Research – “a realidade virtual é o próximo ambiente digital inclusivo”, de acordo com Villalba).

Otimizar o conteúdo em vídeo será a próxima aposta do Facebook. “Se uma imagem vale mais que mil palavras, um vídeo conta uma história inteira. Cerca de 100 milhões de pessoas já utilizam o recurso Stories e 50% do conteúdo produzido em vídeo provém de smartphones”, afirma Eduardo Villalba. Gravação e visualização vertical do vídeo, continuação de exibição mesmo após minimizar a tela e em 360 graus são algumas das inovações que devem estar disponíveis em breve na rede social.



Tecnologia

O futurista e fundador da consultoria Oxymore, Jean-Christophe Bonis, fez um panorama sobre o impacto das tecnologias nos negócios hoje e nos próximos 20 anos, oferecendo informações sobre como lidar com as mudanças que ainda estão por acontecer. Para o especialista, a inteligência artificial será o principal motor de mudanças, mas não o único.

“As tecnologias vão provocar impactos profundos nos negócios. No futuro, as pessoas não vão mais comprar carros, por exemplo, elas vão usá-los quando precisarem”, afirma Bonis. Ele também relata que atualmente, muitas empresas ainda lutam para se adaptar aos novos hábitos dos consumidores criados por dispositivos móveis. “Existe um paradoxo. A tecnologia permite que as pessoas produzam mais em menos tempo, mas no dia a dia os profissionais não têm tempo para pensar sobre o futuro, muitos líderes não investem nisso”.

André Miceli, coordenador acadêmico da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou as tecnologias dominantes no futuro, entre elas a realidade aumentada, internet das coisas, drones, inteligência artificial, impressão 3D e realidade virtual.

Um dos cases apresentados de como a tecnologia já pode estar ao alcance do público foi o Laboratório de Atividades do Amanhã (LAA), do Museu do Amanhã. O LAA tem dois focos principais de atuação: os efeitos e resultados das tecnologias exponenciais – como inteligência artificial, internet das coisas, robótica, genômica, impressão 3D, nano e biotecnologia – e o futuro de determinados temas, como trabalho, urbanização, fabricação e alimentação.

Para desenvolver esses tópicos, o espaço desdobra-se em quatro frentes de atuação: educação, atividades, programa de residência criativa e exposições. Na área de educação, os cursos se dirigem a vários públicos, explorando desde a internet das coisas e os dispositivos vestíveis até introdução à robótica e eletrônica, e conexão digital para idosos.

O evento também teve, além das palestras, um espaço para “degustação” tecnológica, com impressoras 3D e equipamentos de realidade virtual. Destaque para o Birdly, que simula a sensação de voar como um pássaro. Em vez de o controle ser feito por meio de joystick, usa-se os braços como se fossem asas.



Rio: smart city

A criatividade foi identificada como mola propulsora do Rio de Janeiro. A cidade, que reforçou sua identidade de marca após a revitalização da Praça Mauá e por sediar a Copa 2014 e as Olimpíadas em 2016, promete ser um hub de inovação se promover a integração entre tecnologias e pessoas. Isso, é claro, sem perder de vista a questão da segurança.

“Antes de a cidade ser inteligente, deve ser segura. A inteligência do Rio deve vir da segurança, de usar a tecnologia para isso. Ainda há uma multidão de câmeras que não ‘conversam’. É preciso integrar essa tecnologia”, diz Paulo Protássio, presidente da ACRio (Associação Comercial do Rio de Janeiro). Para esse setor, está em vista uma parceria do aplicativo Waze com municípios e cidades brasileiras, e a identificação facial no transporte público, projeto que vem sendo tocado pela Fetranspor.

O estímulo à indústria criativa deve continuar em alta. Um exemplo apresentado foi a Casa Firjan, que deverá ser inaugurada até o final de 2017, com o propósito de estimular a inovação, criar redes e construir conexões na cidade. O espaço servirá para o debate dos desafios e rumos dos setores da indústria criativa e para a construção de programas que irão elevar a competitividade empresarial e a geração de emprego e renda.



O futuro do trabalho

Embora ainda se fale que a tecnologia pode causar um impacto negativo profissional, as palestras deixaram claro que é uma questão de adaptação e flexibilidade e que, afinal, os humanos vêm antes das máquinas. A inteligência artificial precisa ser alimentada com análises proveniente da programação de quem está por trás da máquina, por exemplo. Por outro lado, as escolas e cursos de formação continuada devem estar preparados para se adaptar às mudanças e qualificar atuais e futuros profissionais, trabalhando a empregabilidade das pessoas.

A próxima conferência já tem data confirmada: 17 e 18 de maio de 2018! Não perca!

Fonte: http://www.trendnotes.com.br/o-futuro-do-digital-em-conferencia-no-rio/

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